“O cântico de louvor, que ressoa eternamente nas celestes moradas e que o Sumo Sacerdote Jesus Cristo veio introduzir neste exílio da terra, tem-no a Igreja continuado através dos séculos com uma constante fidelidade, numa maravilhosa variedade de formas. A Liturgia das Horas (ou Ofício Divino) foi-se progressivamente desenvolvendo até se tornar oração da igreja local. Celebrada em lugares e a horas determinadas, viria a ser um elemento indispensável, para que a plenitude do culto que se encerra no sacrifício eucarístico se alargasse e alcançasse todas as horas da vida dos homens.”
Paulo VI, Constituição Apostólica Canticum Laudis
Em toda a tradição beneditina, é dada primazia à celebração do Ofício Divino, seja como fonte de uma autêntica espiritualidade, seja como método de vida (cf. Diretório para a Celebração do Ofício Divino segundo o Rito Monástico). Em fidelidade ao preceito da Regra de São Bento segundo o qual “nada se anteponha ao Ofício Divino” (RB 43,3), os monges dedicam grande parte do seu dia à preparação e celebração das diversas horas e cumprem, com isso, o preceito evangélico: “orar sem cessar” (Lc 18,1). Além disso, segundo antiga tradição, a organização do Ofício Divino permite-nos “consagrar ao louvor divino todo o tempo do dia e da noite” (cf. SC 84). Assim, é possível já antecipar, de certa forma, para os nossos dias o louvor eterno que cantaremos diante de Deus nos céus.
O seguinte texto foi extraído e adaptado do site do Mosteiro de Solesmes: “Grande parte de nossa liturgia é celebrada em latim. Muitos textos da liturgia são antiquíssimos. Alguns deles têm mais de 1.500 anos. São verdadeiras joias doutrinais e literárias, lapidadas por séculos de uso ininterrupto. Pode-se dizer o mesmo do canto gregoriano: essas melodias, geralmente com mais de mil anos, foram especialmente compostas para sublinhar o valor dos textos redigidos em latim, em sua maioria tirados da Bíblia. Consideramos a liturgia latina e o canto gregoriano um tesouro, não somente para a Igreja, mas para a humanidade inteira. Celebrar a liturgia em latim tem igualmente a vantagem de criar um ambiente particular. Assim como há um lugar específico para encontrar a Deus (a Igreja), um tempo específico (os Ofícios), roupas específicas (a cogula ou a alva), há também uma língua específica – o latim. Os hóspedes que participam de nossa liturgia geralmente são sensíveis à atmosfera sacra que daí resulta. Deixa-se o mundo profano no qual estamos mergulhados, para entrar no mundo de Deus, para participar com os anjos da liturgia do Céu. Sem dúvida, a iniciativa vem de Deus, que quis se tornar um entre nós em Jesus Cristo. Assim, na liturgia, o Céu e a terra voltam a se unir. Nossa vida cotidiana, concreta, é, dessa maneira, verdadeiramente santificada pela liturgia.”