A Medalha de São Bento é um objeto sagrado examinado e aprovado pela Igreja, e que reúne a virtude triunfante da Santa Cruz, que nos salvou, à recordação de São Bento, um dos mais ilustres servidores de Deus.
A honra de figurar na mesma medalha com a imagem da Santa Cruz foi concedida a São Bento, por um Breve do Papa Bento XIV (de 12.03.1742), com a finalidade de indicar a eficácia que aquele sagrado sinal teve em suas mãos. São Gregório Magno, que escreveu a vida do santo Patriarca, no-lo representa dissipando com o sinal da Cruz suas próprias tentações, e quebrando com o mesmo sinal, feito sobre uma bebida envenenada, o cálice que a continha.
Além da imagem da Cruz e da figura de São Bento, a medalha traz ainda certo número de letras, cada uma das quais representa uma palavra latina. Essas letras misteriosas acham-se dispostas na face da medalha em que está representada a Santa Cruz. Examinemos, em primeiro lugar, as quatro que vêm colocadas entre as hastes da referida Cruz:
“C S P B”, que significam: Crux Sancti Patris Benedicti; em português, Cruz do Santo Padre Bento. Na linha vertical da cruz, lê-se: “C S S M L”, o que quer dizer: Crux Sacra Sit Mihi Lux; em português, A Cruz Sagrada seja a minha luz. Na linha horizontal da mesma Cruz, lê-se: “N D S M D”, o que significa: Non Draco Sit Mihi Dux; em português: Não seja o dragão o meu guia. Reunindo-se essas duas linhas forma-se um verso latino, pelo qual o cristão exprime sua confiança na Santa Cruz e sua resistência ao jugo que o demônio lhe quer impor.
Ao redor da medalha existe uma inscrição mais extensa, a qual em primeiro lugar apresenta o santíssimo nome de Jesus, expresso pelo monograma bem conhecido: IHS (Iesus Hominum Soter; Jesus Salvador dos Homens). A fé e a experiência nos certificam a onipotência desse nome divino. Vêm depois, em sentido horário, as seguintes letras: “V.R.S.N.S.M.V.S.M.Q.L.I.V.B.”. Essas iniciais representam os dois versos que seguem:
Vade retro Satana; nunquam suade mihi vana:
Sunt mala quae libas; ipse venena bibas.
Em português: Retira-te, Satanás; nunca me aconselhes coisas vãs, é mau o que tu me ofereces: bebe tu mesmo teus venenos.
O documento mais antigo contendo as inscrições da medalha data do século XV – muito posterior, portanto, a São Bento. A devoção à medalha provavelmente teve origem no território da atual Alemanha e começou a se difundir a partir do século XVII.
O uso da medalha, como visto acima, é aprovado pelo Magistério da Igreja desde o século XVIII. Trata-se, portanto, de um sacramental, ou seja, um “sinal sagrado (…) pelo qual são santificadas as diversas circunstâncias da vida” (CIC 1667). O cristão não deve pensar que o simples uso de um sacramental, tal como a medalha de São Bento, é suficiente para afastar todos os assaltos do inimigo ou outros males físicos e espirituais. Como sinal sagrado, o sacramental existe para ser um poderoso auxílio, a fim de que, tendo sempre à vista, lembremo-nos de Deus, da necessidade de levar uma vida de caridade e oração e da frequência aos sacramentos da Igreja, sobretudo ao sacramento da Penitência e da Eucaristia. Usar a medalha de São Bento deve nos recordar ainda a intercessão contínua desse grande santo por todos nós. Agindo assim, estaremos afastando toda a mentalidade mágica e supersticiosa que ronda e deturpa o sentido verdadeiro dos sacramentais da Igreja.